Expedição de Dakila Pesquisas revela novos indícios sobre a trilha milenar e impulsiona turismo sustentável no extremo sul do litoral paulista
Cananéia, município litorâneo do estado de São Paulo, foi palco de uma importante expedição científica entre os dias 10 e 14 de março. A iniciativa, conduzida pela equipe de Dakila Pesquisas, teve como objetivo remapear trechos do histórico Caminho do Peabiru utilizando tecnologia de ponta. Liderado por Urandir Fernandes de Oliveira, o grupo avançou nos estudos sobre a extensão e o significado histórico da trilha, com o apoio da prefeitura municipal, empresários locais e membros do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR). O renomado historiador Jorge Ubirajara, especialista no tema, também acompanhou a expedição.
O Caminho do Peabiru é uma rede de trilhas que conectava o Oceano Atlântico ao Pacífico, atravessando Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru. De origem pré-colombiana, a rota era utilizada para comércio, deslocamento e rituais religiosos. O termo “Peabiru” tem origem no tupi-guarani e significa “caminho gramado” ou “caminho amassado”. Durante a colonização, bandeirantes, jesuítas e aventureiros europeus também exploraram a trilha. Embora sua idade exata seja incerta, estimativas variam entre 3 mil e 12 mil anos. Pesquisas recentes de Dakila sugerem possíveis conexões com outros continentes, incluindo a Europa, através do Caminho de Santiago de Compostela.
Com o intuito de mapear a trilha com alta precisão, a equipe utilizou a tecnologia LiDAR, um sistema avançado de escaneamento georreferenciado capaz de detectar estruturas ocultas sob a vegetação. Drones e sensores também foram empregados para capturar imagens de alta resolução, registrando minuciosamente o trajeto. Caso algum imprevisto impeça o uso do LiDAR, a equipe já possui um plano B para garantir a continuidade das pesquisas por meio de outras tecnologias complementares e análises em campo.
Para Larissa Kautzmann, coordenadora de operações da expedição, desvendar a verdadeira trajetória do Caminho do Peabiru é essencial para resgatar a história do Brasil e do mundo. Segundo ela, “A compreensão do passado ainda é limitada, e cada nova descoberta amplia nosso conhecimento sobre a identidade histórica do país”.
Fernando Oliveira, coordenador técnico de Dakila Pesquisas, explicou que a expedição focou na identificação de trechos remanescentes da trilha. Moradores locais relataram que partes do caminho foram soterradas durante a construção de estradas, dificultando sua localização. Entretanto, indícios sugerem que alguns trechos ainda existem, especialmente nas proximidades da trilha do telégrafo, que segue um traçado paralelo à estrada. “Utilizamos o LiDAR para remover digitalmente a vegetação e identificar padrões no relevo que possam indicar o percurso original do Caminho do Peabiru”. O relatório parcial já aponta indícios do Caminho do Peabiru em paralelo a rodovia.
O grupo Caminhantes, formado por associados de Dakila, também esteve envolvido nas pesquisas. Denise de Souza, integrante do grupo, contou que a investigação começou com uma exploração informal na região. “Organizamos um grupo em São Paulo e viemos em busca de indícios. Durante a expedição, encontramos Iberê Teixeira, presidente da Associação Amoamca e conselheiro do Parque Estadual Lagamar de Cananéia, que nos guiou por suas terras. Ali identificamos um trecho que posteriormente foi confirmado”, relatou Denise.
Além do impacto cultural e histórico, a pesquisa busca fomentar o turismo sustentável na região. Um dos principais projetos em discussão é a criação do Parque Peabiru, que pretende integrar história, lazer e preservação ambiental.
Urandir Fernandes de Oliveira ressaltou a importância do trabalho para a cidade: “O remapeamento de alta precisão reforça as riquezas culturais e turísticas de Cananéia, impulsionando o desenvolvimento regional e consolidando seu papel histórico no país”.
Antônio Henrique da Silva, membro do grupo Caminhantes, destacou o potencial turístico da região: “Muitos moradores caminham sobre vestígios do Caminho do Peabiru sem saber de sua importância histórica. Nosso papel agora é resgatar essa herança e transformá-la em um atrativo turístico, valorizando a identidade local e estimulando a economia”.
Jacqueliny de Freitas, turismóloga de Dakila Pesquisas, acredita que a revitalização do Caminho do Peabiru trará impactos positivos para a economia da cidade. “Nosso projeto prevê um parque com infraestrutura para receber turistas sem causar degradação ambiental, garantindo um turismo sustentável e responsável”, explicou.
O engenheiro civil de Dakila, Sidney Neves, reforçou a importância do remapeamento para a valorização cultural da cidade. Ele destacou a necessidade de levar essas informações para escolas, bibliotecas e museus, garantindo a preservação do patrimônio histórico para as futuras gerações.
Alessandro Gomes, também integrante do grupo Caminhantes, apontou que o fortalecimento do ecoturismo e do turismo histórico pode atrair novos investimentos para setores como hotelaria, navegação e gastronomia. “A valorização do Caminho do Peabiru em Cananéia pode transformar a cidade em um dos principais destinos turísticos do Brasil”, concluiu.
Com base nas pesquisas realizadas, as análises já foram concluídas e indicam a presença do milenar Caminho do Peabiru na região de Cananéia. A partir desses indícios, a equipe de Dakila se prepara para dar continuidade às investigações com foco em aprofundar o mapeamento e confirmar a extensão e os detalhes do trajeto. “Agora vamos aprofundar e investigar”, reforça o presidente de Dakila, Urandir Fernandes de Oliveira.